Inicialmente, para executarmos a pesquisa foi preciso algumas alterações
pontuais no plano de trabalho apresentado anteriormente. Com isso, devido a
algumas dificuldades, como o acesso e a coletas dos materiais para
análise, preferimos levar o projeto para o ambiente online. Portanto, o nosso
objeto de pesquisa continua sendo a representação das travestis, mas a coleta
das notícias será a partir dos portais onlines do jornal “O Tempo” e “Hoje em
Dia”. Optamos por fazer um recorte temporal de
janeiro à setembro de 2013, sendo que para elaboração dos relatórios
realizaremos análises trimestrais para cada relatório. Pretendemos combinar uma
análise quantitativa, que mostra a recorrência de alguns fenômenos, com a
análise qualitativa, observando os discursos presentes.
Nesse primeiro relatório, analisamos as notícias
referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março. À primeira vista, as
notícias apresentaram, no geral, temas relacionados com crimes e discriminação.
Além disso, observa-se que a palavra “travesti” é usada, na maioria dos casos,
como tentativa de despertar a atenção do leitor, como se aquele crime ou fato
fosse significativo e noticiável somente devido
à presença das travestis. No caso do jornal O Tempo, destaca-se a separação
explícita entre travestis e transexuais. O quadro abaixo faz uma esquematização
dos critérios que permeiam as notícias:
Período
|
Jan-Fev-Mar 2013
|
Jan-Fev-Mar 2013
|
Veículo
|
Hoje em Dia
|
O Tempo
|
Número de notícias
|
06
|
11
|
Tratamento
|
A travesti, Um travesti, Aquelas, Ele
|
O travesti, Um travesti, Ele, Eles
|
Categorias
|
Ladrão, Prostituta, Famosa
|
Vítimas, Prostitutas, Ladrão
|
Editoriais
|
Minas, Notícias e Pop
|
Capa e Cidades
|
Nota-se que o jornal Hoje em Dia adotou uma outra
postura nas notícias a partir de fevereiro, como nos exemplos: 1 e 2.
Nessas
notícias, o jornal considera “as” travestis e não “os” travestis como vinha
fazendo em matérias como essa. O
jornal O Tempo, por sua vez, seguiu usando artigos masculinos quando se referia
às travestis.
Os rostos que não são mostrados
Outro aspecto das notícias são as imagens
utilizadas para complementar os texto verbal. Nas notícias do Jornal Hoje em
Dia, apenas a notícia sobre Luisa Marilac tem uma foto dela e o vídeo que a fez famosa.
Já no portal do Tempo, nenhuma notícia mostra em
imagens as personagens das matérias. As notícias sobre a manifestação
para lembrar as mortes de travestis em BH (1 e 2) são ilustradas com fotografias - muito parecidas nas duas notícias - apenas de
cartazes e flores em memória das vítimas. As notícias sobre o assassinato de uma travesti foi ilustrada com a fotografia da fachada de sua casa, local do
crime.
Para o próximo relatório, pretendemos pensar nas
vozes que constituem essas narrativas, observando as fontes das matérias, as
falas entre aspas, tentando observar quem são as pessoas ou instituições que
são ouvidas nessas histórias.
Notícias analisadas:
O TEMPO
Janeiro:
Fevereiro:
Março:
HOJE EM DIA
Janeiro:
Fevereiro:
Março:
Já disse isso no primeiro post de vocês e repito: adorei o tema do trabalho. :)
ResponderExcluirGostei do quadro que fizeram, porque deixa bem evidente a forma como elas foram retratadas nas notícias e assusta um pouco essa maneira pejorativa e as categorias nas quais elas foram relacionadas.
E curti muito o subtópico "os rostos que não são mostrados". O trabalho de vocês está, realmente, me fazendo refletir sobre o assunto. Estou impressionado porque nunca tinha me atentado a estes detalhes!
Ahh, a única correção que tenho para fazer é que no quadro vocês colocaram "editoriais", mas acho que vocês queriam dizer "editorias", né?
Vocês estão de parabéns!
abraços
O trabalho tem um tema muito interessante o que desperta o interesse em acompanhar todos os posts. Vocês não deixaram a desejar em nada, esta apresentação está simples e completa.
ResponderExcluirGostei muito de oferecerem os links, ajuda numa compreensão melhor e permite que nós mesmos possamos também fazer uma análise.
A percepção das fotos daria um post também muito interessante.
Estão de parabéns!
Meninas, estou achando super legal a proposta de vocês! Só gostaria de dar uma sugestão, caso vocês achem interessante: nesse primeiro post (ou talvez nos que se seguirão) seria interessante escolher uma matéria mais relevante ou mais curiosa e destrincha-la mais, tanto visualmente no post (colocar a imagem) como no detalhamento da análise. Mas entendo completamente o quão ampla é a amostra de vocês e como isso complexifica o trabalho!
ResponderExcluirMeninas, estou achando super legal a proposta de vocês! Só gostaria de dar uma sugestão, caso vocês achem interessante: nesse primeiro post (ou talvez nos que se seguirão) seria interessante escolher uma matéria mais relevante ou mais curiosa e destrincha-la mais, tanto visualmente no post (colocar a imagem) como no detalhamento da análise. Mas entendo completamente o quão ampla é a amostra de vocês e como isso complexifica o trabalho!
ResponderExcluirMeninas, estou achando super legal a proposta de vocês! Só gostaria de dar uma sugestão, caso vocês achem interessante: nesse primeiro post (ou talvez nos que se seguirão) seria interessante escolher uma matéria mais relevante ou mais curiosa e destrincha-la mais, tanto visualmente no post (colocar a imagem) como no detalhamento da análise. Mas entendo completamente o quão ampla é a amostra de vocês e como isso complexifica o trabalho!
ResponderExcluirO trabalho de vocês tem uma pertinência imensurável hoje. Atualmente, a situação das e dos travestis e trans* em geral não 3 nada fácil. A invisibilidade é enorme. Quando se fala em travesti, a imagem que aparece (quando aparece) é de prostituição e shows onde na maioria das vezes elas são ridicularizadas com piadas etc. Os jornais pelo visto apenas têm reforçado esse lugar. É como se as travestis não estudassem, não fosse ao banco ou a padaria como todo mundo... por isso a dificuldade de achar dados, ninguém fala sobre isso... por isso gostei muito. Parabéns.
ResponderExcluirGente, gostei muito do recorte de vocês! Essa questão de considerar como "os" ou "as" é realmente muito notória em todos os veículos de comunicação. Concordo com Nath, acho que vocês podem explorar mais os recursos visuais!
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